Nossa mãe veio a apreciar o talento artístico de Cláudio Pastro depois de ver seu projeto do túmulo de nosso Pai no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Comoveu-se especialmente pela figura do Cristo Ressuscitado, com seus braços estendidos na cruz, posicionada entre os dois túmulos, unindo o do Pai com seu próprio túmulo futuro. Um detalhe que chamou a atenção da Mãe foi o Cristo Ressuscitado retratado com o Seu Sagrado Coração, que era uma devoção dos nossos pais ao longo da vida.
A última peregrinação da mãe
Em 2007, surgiu uma oportunidade e nossa Mãe quis fazer uma peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, SP. Cláudio Pastro a encontrou pessoalmente na Basílica. O artista explicou-lhe em detalhes como estava trabalhando para integrar a devoção e a arte neste Santuário maravilhoso. Quando chegaram à capela dedicada a São José, nossa Mãe pediu uma pausa e começou a rezar. Uns minutos depois, ela me chamou de lado e disse:
–“John, por favor, peça para Cláudio achar um lugar adequado nesta Basílica para a Família Sieh expressar a sua gratidão para com nossa Mãe Santíssima.”
Eu lhe respondi:
–“Mãe, como é que o Cláudio vai saber? A Basílica pertence à Igreja e a todos os fiéis do Brasil. A decisão não é dele.”
–“Não importa quem deve decidir”, disse ela, “o Cláudio vai saber, basta perguntar-lhe.”
Ela tinha certeza de que tudo o que ela estava pedindo ia acontecer. Ninguém, no entanto, tinha a menor ideia sobre o que exatamente nossa Mãe tinha em mente.
Poucos meses depois, o Cláudio nos disse que tivera uma ideia: a Basílica precisava terminar o interior da Capela do Batismo. Será que Dona Maria concordaria em financiar este projeto? Se tivesse sua concordância, ele iria apresentar o projeto ao Reitor da Basílica .
Quando nossa Mãe foi informada da ideia do Cláudio, ela a aprovou imediatamente.
Havia muitas dificuldades, cujos detalhes desconhecemos.
A certa altura, nossa Mãe tornou-se ansiosa. Meses se passaram e nenhuma decisão veio de Aparecida. Cláudio achou melhor sugerir uma outra alternativa: as portas de madeira da entrada principal da Basílica precisavam ser substituídas. Como nossa Mãe se sentiria em doar, generosamente, um par de portas esculpidas em bronze? Quando a ideia lhe foi apresentada, ela permaneceu em silêncio e não quis responder. Tornou-se claro: o coração estava fixo na Capela do Batismo. O único caminho seria o de esperar mais.
Nossa mãe veio a falecer no dia 9 de março de 2009, sem saber o resultado do seu desejo. O Cláudio compareceu ao seu sepultamento. Quando da realização da missa de sétimo dia, recebemos uma mensagem de que o engenheiro Minoru, responsável pelas obras e reparos técnicos da Basílica de Aparecida, estava tentando entrar em contato conosco. Quando retornamos a ligação, ele nos disse que o projeto da capela tão aguardado estava então, não somente aprovado pelas autoridades eclesiásticas de Aparecida, mas, finalmente, pronto para ser apresentado à Família Sieh.
Ele não sabia que nossa Mãe havia falecido!
O significado desta coincidência permanece um mistério para todos nós.
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